LILITCHKA – Updated

lilia brik (direitos de img reservados)

LÍLITCHKA!

Em lugar de uma carta

Fumo de tabaco rói o ar.
O quarto —
um capítulo do inferno de Krutchônikh. (1)
Recorda —
atrás desta janela
pela primeira vez
apertei tuas mãos, atônito.
Hoje te sentas,
no coração — aço.-
Um dia mais
e me expulsarás,
talvez, com zanga.
No teu hall escuro longamente o braço,
trêmulo, se recusa a entrar na manga.
Sairei correndo,
lançarei meu corpo à rua .
Transtornado,
tornado
louco pelo desespero.
Não o consintas,
meu amor, meu bem,
digamos até logo agora.
De qualquer forma
o meu amor
— duro fardo por certo —
pesará sobre ti
onde quer que te encontres.
Deixa que o fel da mágoa ressentida
num último grito estronde.
Quando um boi está morto de trabalho
ele se vai
e se deita na água fria.
Afora o teu amor
para mim
não há mar,
e a dor do teu amor nem a lágrima alivia.
Quando o elefante cansado quer repouso
ele jaz como um rei na areia ardente.
Afora o teu amor
para mim
não há sol,
e eu não sei onde estás e com quem.
Se ela assim torturasse um poeta,
ele trocaria sua amada por dinheiro e glória,
mas a mim
nenhum som me importa
afora o som do teu nome que eu adoro.
E não me lançarei no abismo,
e não beberei veneno,
e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
Afora
o teu olhar
nenhuma lâmina me atrai com seu brilho.
Amanhã esquecerás
que eu te pus num pedestal,
que incendiei de amor uma alma livre,
e os dias vãos — rodopiante carnaval —
dispersarão as folhas dos meus livros…
Acaso as folhas secas destes versos
far-te-ão parar,
respiração opressa?
Deixa-me ao menos
arrelvar numa última carícia
teu passo que se apressa.

-==-=-=-

Wladimir Maiakóvski.Em lugar de uma carta“.
26 de maio de 1916 (Petrogrado)
(Tradução: Augusto de Campos)

(1) Alusão ao poema “Um jogo no inferno
de A. Krutchônikh e V. Khliébnikov.

Sobre Lilia Brik ler aqui. Ou ainda nestedossiê Maiakovski

‘Três mulheres em sua vida: Lilia Brik, Veronika (Nora) Polônskaia e Tatiana Iácovlieva. Quis casar com Tatiana, uma russa branca, mas não o fez. Também quis casar com Nora, mas ela não aceitou. Viveu com Lilia e com o marido dela, caso que estarreceu a sociedade e que foi batizado, ocidentalmente, de ménage à trois e, pela própria Lilia, de “uma ideologia amorosa”, fundamentada no livro de Tchernichévski – Que fazer? – que pregava a não-possessividade entre marido e mulher.

O caso teria acontecido mais ou menos assim, como narrado no livro I LOVE , the story of Vladimir Maikaovski and Lilia Brik, de autoria dos norte-americanos Ann e Samuel Carters, que passaram sete anos na Rússia bisbilhotando tudo a respeito desse outro lado da vida do poeta: Lilia era casada com Ossip Brik, crítico literário, e ambos vieram a conhecer Maiakovski quando este procurava um quarto para alugar. Passando a morar com o casal, os três tornaram-se muito amigos. Lilia e Maiakovski apaixonaram-se um pelo outro. Contaram a Ossip, que não viu motivos para deixar a casa. E continuaram a viver os três sob o mesmo teto.

Lilia foi “a mulher” na vida de Maiakovski, aquela para quem ele ofereceu poemas, aquela que recebeu o que viria a ser conhecido como “poema concreto”: um anel, gravado com as iniciais de seu nome – L – I – UB – que, ordenadas de forma circular, formavam a palavra LIUBLIU (AMO).

Em julho de 1972, Lilia Brik concedeu entrevista ao brasileiro Boris Schnaiderman, em sua residência perto de Moscou. Lilia garante que não tinha mais nada com Ossip Brik quando começou relacionar-se com Maiakovski. Quando desta visita de Boris, Lilia já estava casada há quarenta anos com V.A. Katanian, também amigo de Maiakovski, e ambos sempre se dedicaram a estudar e divulgar a obra do poeta. Em 1978, aos 86 anos, Lilia suicidou-se.’

Em que circunstâncias, uma pessoa como Lilia Brik se suicidaria , em idade tão avançada?

Este é um assunto fascinante e foi tratado em tese de doutorado pelo jornalista e professor de Filosofia Arthur Dapieve e -pessoalmente- o tenho considerado objeto de reflexão. O mesmo ocorreu com (1)Primo Levi, escritor italiano, químico, sobrevivente do campo de concentração Awschwitz-Bierkenau, autor dos livros  É isso um Homem e Tabela Periódica. Nasceu em 1919 e suicidou-se 1987, emTurim . (2) Gilles Deleuze (1925-1995) suicidou-se após grande sofrimento com um cancer de pulmão. 3-Há cerca de dois meses, em 29 de novembro de 2010, o grande cineasta Mario Monicelli , suicidou-se, depois de ter feito uma brilhante carreira e ser reponsável pela criação de algumas obras primas, aos 95 anos.

Nada de morbidez, asseguro,  apenas, estranhamento. O assunto, o importante, a essência, continua sendo o poético, o humanamente  poético.

***

=-=-=-=

Update:

Maria Schneider – R.I.P

Sobre sub rosa
The most of all things and persons in the entire world drives me *flabbergasted". That includes me.

32 Responses to LILITCHKA – Updated

  1. Tereza says:

    Meg, quem deve agradecer aqui sou eu.Pela sua atenção, carinho e generosidade em nos oferecer um blog rico e interessante.
    Depois volto para comentar o post que já li e gostei.
    Fique bem, querida.
    Beijos.

    • sub rosa says:

      Oh” minha flor… E o melhor disso é que sabemos que é verdade: nós, todos aqui, fazemos o blog juntos, né, querida?
      Isso me enche o peito e regala a vida, como se dizia antes, por aqui.:-)))
      bjs

  2. sub rosa says:

    Au lit, p’tite:-)!!!! Aux rêveries!
    M.

  3. Meg querida:
    A poesia é linda e forte.a imagem é maravilhosa, uma linda foto, e você continua a nos trazer coisas boas, para que possamos conhecer o que há de bom na literatura.
    Querida, quero te pedir desculpas, porque recebi um email seu falando de um post da Magaly, mas eu estava sem PC desde o início de outubro. Agora já se passou muito tempo, mas vou ver assim mesmo.
    Um beijo.

    • sub rosa says:

      Aninhaaaaa!, minha linda, minha querida, minha amorzinha. Minha maninha:-)

      Olhe, eu acho que sim, sim, passei em uma dessas redes sociais e avisei, quando fiz um discreto ” publicize” da recensão crítica feita magistralmente pela Magaly, sobre o livro de Marina Colasanti, Passageira em Trânsito. Sei o quanto vc, o Valter, e o nosso querido Caco gostam dela e a admiram.

      Sim, sim, Aninha, blog tem essa vantagem que as outras midias não têm (vai grafado errado): o arquivo nunca é morto hohoho

      Como diz nosso amigo Carlos: “Seja por isso”, aqui vai o link:

      Passageira em Trânsito – Marina Colasanti

      E você sabe que quando você chega é que é *a* hora:-)
      Gostoso tê-la aqui, Aninha, obrigada pela lembrança e pelo carinho:-)
      Beijos pro Erick.

    • sub rosa says:

      Ah! Aninha:
      Eu também achei a imagem maravilhosa. Lembrou-me realmente uma mulher tal como é biografada a Lilia Brik.
      Adoro essas suas observações certeiras:-)))
      bjs

  4. Rose says:

    Obrigada, Meg. Obrigada mesmo.

  5. Tereza says:

    Meg, não conhecia nada sobre a Lilia Brik e achei interessante. O poema de Maiakovski é lindo.

    Conheço muito pouco da obra de Maiakovski.O que mais admiro nele é não ter submetido a sua arte à estética do Realismo Socialista.Acreditou na Revolução Russa, lutou por ela e durante um período colocou a sua arte à serviço do Estado. Posteriormente, libertou-se da submissão à estética stalinista criando uma obra livre e inovadora. Era muito sensível e criativo para deixar que aprisionassem a sua arte dentro de uma doutrina
    que começou oficialmente em 1930, mas já fazia suas vítimas desde 1920.Não era admirado pelos líderes soviéticos, of course.Foi mais uma vítima do stalinismo. Suicidou-se.
    beijos, querida.

  6. Tereza says:

    Meg, eu não conheço quase nada da trajetória dele. Você conhece muito mais.E você conhece a melhor parte, que são os poemas e os amores.Além de teatrólogo ele foi também pintor. Uma pintura distante do realismo socialista. Só fiquei sabendo um pouco da vida dele ao ler sobre o realismo socialista que é uma das coisas mais ridículas que já inventaram, não é? Arte não combina com totalitarismo.Afinal, o que combina com totalitarismo?
    Qual livro você disse que viu na Saraiva?
    beijos.

  7. Rose says:

    Meg, eu disse obrigada, assim , feito a Tereza

    ”Pela sua atenção, carinho e generosidade em nos oferecer um blog rico e interessante”.

    Desculpe se não me fiz entender.

  8. Tereza says:

    Uma delícia o seu comentário.Você traz informações sempre muito interessantes .beijos.

  9. Tereza says:

    Sabe que nem me preocupo com lacunas no meu conhecimento, seja da arte ou ciência, a não ser as coisas óbvias que todos deveríamos conhecer?
    Hoje só leio o que gosto, me sinto desobrigada de conhecer escritores, cineastas, escultores, compositores e pintores com os quais eu não tenha afinidade.Pode ser um escritor famoso que todos “deveriam” conhecer, mas e daí se eu não gosto?
    Acredito que nunca lerei alguns clássicos que considero chatíssimos. Fazer o quê, se Proust me dá um tremendo sono? Acho a vida tão curta que
    procuro usar o meu tempo livre fazendo as coisas que gosto:)
    Woody Allen, que eu adoro, disse que “A vida é cheia de miséria, sofrimento e solidão – mas acaba muito depressa”.hahaha!Gosto do humor dele.
    Beijos, querida.

  10. Magaly says:

    MAIAKÓVSKI ? Sim, muito pelo alto. Poeta russo, engajado na luta pelo socialismo, combatente na revolução comunista, pronto!
    Ffechou!

    Ninguém pode imaginar o tamanho da minha marginalidade nesses assuntos de ‘quem foi quem, o que fez em vida, como se consagrou?’
    De modo que pensei: preciso, já que não sei, procurar subsídios para enfeitar a página da Meg. Aí, veio: Wikipedia, pra que te quero?

    Os dados biográficos já foram aqui oferecidos; a personalidade do poeta, desenhada a forte; a atividade política, revelada; o brilho com que investia em suas propagandas, mostrado; a escapada ao regime, delirantemente tentada e alcançada; sua capacidade de arrojar-se ao amor, exibida.

    Entro com a contribuição de composições dele, através das quais vocês vão desvelar essas ricas e contudentes facetas desste poeta e pensador a um tempo satírico, impetuoso no amor e no combate, devastador e humano e, sobretudo, dono de um lirismo, ás vezes camuflado, mas infinitamete leve e belo.

    Dedução

    Não acabarão nunca com o amor,
    nem as rusgas,
    nem a distância.
    Está provado,
    pensado,
    verificado.
    Aqui levanto solene
    minha estrofe de mil dedos
    e faço o juramento:
    Amo
    firme,
    fiel
    e verdadeiramente.
    …nenhum som me importa
    afora o som do teu nome que eu adoro.
    E não me lançarei no abismo,
    e não beberei veneno,
    e não poderei apertar na têmpora o gatilho.
    Afora
    o teu olhar
    nenhuma lâmina me atrai com seu brilho

    DESPERTAR É PRECISO

    Na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma Flor do nosso jardim e não dizemos nada.
    Na segunda noite, Já não se escondem; pisam as flores, matam o nosso cão, e não dizemos nada.
    Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua e, conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, Já não podemos dizer nada.

    A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo

    O coração tem domicílio no peito.
    Comigo a anatomia ficou louca.
    Sou todo coração.

    Deus, que será de ti quando eu morrer?
    Eu sou teu cântaro (e se me romper?)
    A tua água (e se me corromper?)
    Sou teu agasalho, teu afazer.
    Vai comigo o significado teu.

    folhinhas
    linhas
    zibelinas sozinhas

  11. Magaly says:

    Por favor, não se atrapalhem com palavras que caíram no chão, consoantes que tripliquei ou deixei de dobrar, nasaladores que decapitei. Não se engasguem, pra frente é que se anda.
    Porisso, aprecio vocês – tolerantes e corajosas.

  12. Magaly says:

    Agora, Lilia Brik / Lilitchka. Ignorância completa, nunca tinha ouvido falar dela.
    Obrigada pela aula de extrema necessidade e importância, Meggy.

    Aliás, estou lhe devendo outros agradecimentos.
    Receba-os todos com um carinhoso abraço.

  13. Tereza says:

    Magaly, sempre me lembro de “na primeira noite eles aproximam-se e colhem uma flor de nosso jardim e não dizemos nada”
    Mas tinha me esquecido de “Deus, que será de ti quando eu morrer”? E tem dias que ao ler isto me faz chorar, como hoje, e nem sei o motivo.Esses versos me tocam.
    Imagine se eu me preocupo com erros de digitação. Os meus são erros de português, mesmo.
    abraços.

  14. Tereza says:

    Eu entendi “Deus, que será de ti quando eu morrer”?
    Acho que ninguém pode entender porque me emociono .
    Ele mobiliza alguma coisa em mim que só Freud mesmo:)

  15. Isabela Percov says:

    Ora, ora muito bem, já que fui recepcionada pela Magaly que muito querida, sinto-me bem em sair do siêncio e partilhar cá umas ideias:
    observei que todos nós já devemos ter visto, ouvido ou lido algo que é do Maiakowski, ao ler as informações da Wikipedia e são coisas muito lindas e emocionantes.
    Rendo-me tanto às reflexões quanto às sensações da cara Tereza.
    E sinto-me identificada com ela: tanto se entenda o poema como:
    (Ó) Deus que será de ti quando eu morrer
    ou
    Deus, que será de ti quando eu morrer – ti, referindo-se à amada.

    E também, concordo com a Tereza, nada foi tão brutal e tão daninho para a arte e o pensamento quanto o estalinismo do realismo social.

    Beijinhos à nossa Meg, que fique muito bem e sare loguinho.

  16. Isabela Percov says:

    E a cereja do bolo foi-nos oferecida pela Tereza, com o estar-se nas tintas relativamente ao que dizem que temos de conhecer este ou aquele.
    Proust é, com todo o respeito, uma leitura dormitiva.
    E uma salva de palmas, para Woody Allen.:-o) e pra Tereza também.

  17. Orlando Gemaque says:

    Salve, salve:
    grande lembrança essa do Woody Allen, não conhecia essa frase, é muito boa.
    Aliás, em matéria de frases, pra mim há dois: Woody Allen e Millôr Fernandes.
    Punto e basta!

    Abs a todos.

  18. Tereza says:

    Isabela, ao ler os versos de Maiakóvski acho que sempre penso: Deus, que será de mim quando ele morrer? Puro egoísmo. Penso mais em minha dor do que na dor do amado.É o meu maior medo. E também na morte de outras pessoas queridas.Mas nem queria falar disso, me incomoda.
    A cereja do bolo é você, tão amável quanto a Meg:)
    Meg, melhoras.
    Beijos para todos.

  19. sub rosa says:

    Oh! ma p’tite Thérèse:
    Eu compreendo tão bem que a gente não compreenda nunca, com clareza, quem parte, quem fica.
    Os portugueses têm um fado não sei de quem é essa letra, cujo título é:
    “Partir é morrer um pouco”

    Essa sua digressão, fantásticamente oportuna embora triste, é desafiadora pra mim.

    Digamos assim, na trama existencial, metafísica, somos nós os viandantes, viajantes? Então, o ir-se não é também dor para quem vai? Ou o é só para quem fica?

    Eu hesitaria em chamar isso de puro egoísmo, Tereza querida.

    Eu sofri duas duras perdas e até agora não sei se eles (meu Pai e meu Mário) é que se foram ou eu é que me fiquei.

    Só sei que tudo o que vcs escrevem aqui é lindo! É profundamente poético.

    =-=-=
    Quero dizer que estamos em Belém, ilhados, sem luz na maior parte da cidade, o tal apagão.
    Tenho aqui um post de presente e nada, assim que pegamos o comp. tudo vai-se!

    desculpem escrever assim apressada e sem jeito.
    Isabela, obrigada pelo email.
    beijos, crianças me entendam e me perdoem, OK?
    M.
    p.s não me deixem:-)

  20. Tereza says:

    Meg querida:
    Não sabia que o apagão tinha atingido Belém, que chato! Espero que tudo volte ao normal rápido.

    Que bom que já tem um post novo:)

    Eu também sofri duras perdas e me identifiquei com o que você escreveu tão bem.

    Uns pensamentos de Woody Allen para você .Ele é pessimista mas muito divertido:)

    Quer fazer Deus rir? Conte-lhe os seus planos para o futuro.

    Os maus têm um sono muito menos tranquilo do que os bons, mas gozam muito melhor as horas que passam acordados.

    Porquê estragar uma boa história com a verdade?

    A vida não imita a arte; imita a má televisão.

    Beijos

  21. Magaly says:

    Oi, Meg. você passou como um raio, que pena! Estamos mal acostumados.
    Viu Isabela entrar pro nosso cordão? Fiquei tão alegre!
    Voltei um instantinho para tirar uma dúvida. Em meu curso de canto ( na mocidade, é claro. Hoje não arrisco um dó), eu interpretava uma canção com o título Partir que eu julgava que era francesa, a não ser que fosse uma versão francesa de um fado Não me lembro dos autores de música e letra, o que decerto revelaria sua origem. Tentei recompor a letra, mas a memória falhou na segunda estrofe. Vou escrever aqui:
    PARTIR
    Partir, c´est mourir un peu
    C´est mourir à ce qu´on aime
    On laisse un peu de soi même
    En toute heure et dans tout lieu

    C´est toujours le deüil d´un voeux
    Le dernier vers d´un poème
    C´est toujours le
    à ce qu´on aime

    Se me lembrar do resto, mando amanhã
    Beijo

  22. sub rosa says:

    Oh, Magaly, minha qu’rida, então, fiquei eu cá a deslindar o que seria entrar pró vosso cordão, e não me fiz de rogada, aqui estou:
    Terezita, pareces triste, espero que já te tenham passado os pensamentos, gosto muito da forma aberta, tranquila e decidida como escreves.

    Meg, a letra do nosso lindo fado é de António dos Santos , uma verdadeira lenda de Alfama, o bairro mais fadista que há.

    A Magaly está a ver que o fado é a alma da boêmia portuguesa, não é?
    Então, penso que o tema é semelhante ao da sua canção francesa , só que ela se expressa de forma muito mais romântica e poética que o fado.
    Já este, é a expressão de um lamento, cantado ao som das guitarras.
    Oiça lá:

    PARTIR É MORRER UM POUCO
    (Mascarenhas Barreto – António dos Santos)

    Adeus parceiros das farras
    Dos copos e das noitadas
    Adeus sombras da cidade
    Adeus langor das guitarras
    Canto de esperanças frustradas
    Alvorada de saudade.

    Meu coração como louco
    Quer desgarrar no meu peito
    Transforma em soluço a voz
    Partir é morrer um pouco
    A alma de certo jeito
    A expirar dentro de nós.

    Voam mágoas em pedaços
    Como aves que se não cansam
    Ilusões esparsas no ar.
    Partir é estender os braços
    Aos sonhos que não se alcançam
    Cujo destino é ficar.

    Deixo a minh’alma no cais
    De longe alcanço sinais
    Feitos de pranto a correr.
    Quem morre não sofre mais
    Mas quem parte é dor demais
    É bem pior que morrer!

    Quem morre não sofre mais
    Mas quem parte é dor demais
    É bem pior que morrer!

    O filmete que arranjei lá pelo YouTube, é este:


    Não sei se isso vai dar jeito, se eu levo o jeito, vamos a ver.
    um beijinho a todos.

  23. sub rosa says:

    Magaly, eis o comentário, publicado a pedido da Isabela.
    Na verdade, quem não leva jeito sou eu.
    Pensei ter caprichado, mas deu isso, desculpe, sim?
    Um beijo.

  24. Magaly says:

    Oi, Meguinha, quis dizer que Isabela entrou pra nossa comunidade festiva (a dos comentários), agora, ela participa, acrescenta, debate. Isso é modo de dizer alagoano, cordão – partido de pastoril.
    A canção francesa não tem nada a ver com o fado. A música é outra e a letra só tem duas estrofes, Foi uma coincidência.
    Isabela, imagine se você tivesse jeito! Veio tudo tão certo, como de profissional Seu fado é lindo, vigoroso, sentimental. Sou chgada a um fado, questão de raízes.
    Vou deixar um beijinho pra cada uma, dois pra Tereza pra parar de tristeza

  25. Tereza says:

    Isabela e Magaly:
    Eu não estou triste, só fiquei emocionada quando li os versos do Maiakóvski.E comecei a pensar nas perdas.
    Culpa da Magaly, com “Deus, que será de ti quando eu morrer”? Deixei um comentário bem acima para você, Magaly.

    Obrigada pelo carinho, queridas.
    Beijos.

  26. sub rosa says:

    Tereza querida: vc não está triste?!
    Que bom! obá, obá, obá!
    :-)
    beijos, querida.