Valha isso o que valer…
4 março 2008 2 Comentários
Quero, antes, deixar registrado um atestado de minha admiração por duas pessoas amigas: Pedrinho Dória, o Ped, e Idelber Avelar. É claro que gosto muito dois e em ocasiões diferentes deixei isso claro. Mas agora não se trata de gostar e sim de reconhecer-lhes o valor e a fulgurante inteligência de ambos.
Tão importante quanto isso é recordar o bom e velho Platão que no diálogo Teeteto chama a atenção para as dificuldades de um debate, para a dialogia e seus escolhos. O que está se passando (ou já passou, espero) entre os dois é exatamente isso, o momento em que se coloca no *crivo da reflexão a própria reflexão*. Os aparentes desencontros, aparentes injustiças, são apenas uma etapa salutar na discussão. Eu diria que são a apresentação da carteira de identidade para a mobilização do ato e do funcionamento da cultura.
Por favor, não parem. Fechar-se em silêncio? Nunca! Nada de pedir o boné, nada de se impedir de escrever sobre um tema tão delicado quanto importante para a nossa- a de quem os lê – compreensão do mundo em que vivemos, ou uma parte importante dele.
Eu acredito em discussões producentes em que a linguagem seja expressão de algo mais que interesses, vaidades e paixões; quando ela se legitima e se fundamenta pela lógica e pela crítica. Eu acredito no diálogo em que só há atritos exatamente porque há respeito e conteúdo honesto no que se diz. E o atrito é a possibilidade que se tem de fletir-se em direção a nossas idéias, apartá-las do pré-concebido, libertá-la da quotidianeidade e da visão da banalidade do que acontece no mundo. O atrito é enriquecedor por isso, (Platão usa a metáfora das lavadeiras, na Carta VII) é exatamente para o que serve, para tornar visível que as idéias que apresentamos não são meras opiniões. Mas podem ser mais bem delineadas, de parte a parte. Por fim só há atrito, no bom (melhor) sentido, quando há diálogo e não meramente justaposição de monólogos.
Todos sabemos que não resolveremos situações antigas espinhosas, delicadas, e que falar a respeito delas pode causar inevitáveis efeitos de colisão, mas usar com consciência o falar e o dizer implica grandes avanços na busca do entendimento.
Enfim, pelo que vale, aproveito para agradecer tudo o que aprendi com vocês, com o Idelber e com o Ped (com este desde 2001 – aliás beijos para a Laurica e Leila – ;-)
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